domingo, setembro 06, 2009
Do lado de fora
Hoje, apercebi-me que nunca conseguirei pertencer a um grupo porque nunca fiz parte de um verdadeiro grupo. Essa realidade choca-me. O olhar de fora para dentro mostra-me que, mesmo que me esforçasse, nunca conseguiria ter aquilo que, hoje, presenciei entre um grupo de amigos: cumplicidade. Parece-me radical dizer que nunca terei isso, mas a verdade é que essa é a sensação que tenho. Toda a minha vida me senti à parte. Na adolescência, queria muito pertencer a algo,mas não tinha a coragem para dar esse passo, refugiando-me em lugares comum. Mais tarde,na faculdade, senti que me podia sentir pertencente a algo, mas foi tão esporádico que se evaporou quando terminámos o curso. Agora, sinto um vazio enorme. Não pertenço a nada, nem a ninguém. A única pessoa responsável sou eu e terei de viver com as minhas opções. No entanto, só agora me apercebo o quanto essas escolhas me custaram. Só agora, olhando para trás e vendo aquilo que sou, me apercebo o que deveria ter sido e não sou. Do lado de fora, olho para dentro e apercebo-me da ironia de sempre ter descartado tudo com "eu não preciso, ou não quero, ou consigo melhor...A verdade é que este lado de fora é muito solitário, muito triste e muito insalubre. A verdade é que daria tudo para ter aquilo que hoje vi naquele grupo, mas não tenho. Estou do lado de fora, mas gostaria de estar do lado de dentro. A cumplicidade também se constrói,constrói-se baseada em experiências vividas, mas se não as viveste, nunca as poderás partilhar. Um dia, sonhei que tudo era possível, hoje resta-me este lado: incolor, indolor, sem sabor. Resta-me este lado. Resta-me o lado de fora.
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