terça-feira, setembro 29, 2009

Poesia Criptográfica em forma de celebração

Antes de ti, mas

nunca antes de mim

descobri que és mais do que

razão, ohar da multidão

em constante mutação.

Celebration.

É com grande pompa e circunstância que apresento os meus sinceros PARABÉNS ao nobilíssimo senhor A que para além de ser um senhor com muito A na barriga, é também meu amigo. Salvé ó A. Salvé o Brain e o Estruming da blogosfera por mais este aniversário.
Aqui está o fogo de artifício prometido. Enjoy.



 Recados Para Orkut


segunda-feira, setembro 28, 2009

O stress das eleições

Depois de mais um dia infindável de sondagens e entrevistas e de discursos, há que destressar. Que o diga a Manuela Ferreira Leite... Penso que vai passar horas nisto.

sexta-feira, setembro 25, 2009

100th

Why am I such a drama queen?
Because I am.

quinta-feira, setembro 24, 2009

Momentos

"Não sei o que poderia dizer a alguém que me conhecesse hoje, neste preciso instante, neste preciso minuto...Saberia que, neste instante, neste preciso minuto só penso que nada poderia dizer porque, no final, não há nada, nem ninguém entre aquilo que sinto aquilo que penso e o meu olhar. No fundo, no fundo resta-me a sensação de que todas as palavras do mundo se esgotaram num momento. O teu, o meu, o nosso olhar no momento em que te conheci."

k.O.

Há bocado li aqui uma definição para solidão que me deixou K.O. e, então, resolvi, fazer um google search e deparei-me com esta, também soberba, definição de Rilke. Enjoy.

Solidão

A solidão é como uma chuva.
Ergue-se do mar ao encontro das noites;
de planícies distantes e remotas
sobe ao céu, que sempre a guarda.
E do céu tomba sobre a cidade.

Cai como chuva nas horas ambíguas,
quando todas as vielas se voltam para a manhã
e quando os corpos, que nada encontraram,
desiludidos e tristes se separam;
e quando aqueles que se odeiam
têm de dormir juntos na mesma cama:

então, a solidão vai com os rios...

Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens"

Porque

Porque tu és mais do que letras
tu és ideias
Porque tu és mais do que ideias
Tu és ideais
Porque tu és mais do que ideais
Tu és pensamentos
Porque tu és mais do que pensamentos
Tu és Tu
Porque tu és mais do que tu
Tu és.
Porque tu és mais do que...


Serennablack, 24 de Setembro 2009

La vie en rose

Não há quem não conheça esta música, mas duvido que a maioria conheça a história por detrás da cantora. Eu era uma dessas pessoas. Ontem, ao ver o filme, deslumbrei-me. Marion Cotillard é brilhante. Para quem tenha um tempinho, não deixem de ver.


quarta-feira, setembro 23, 2009

Choices

O segredo das escolhas está em sabermos escolher bem. O GRANDE problema é que só sabemos se escolhemos bem depois de termos escolhido, o que inviabiliza qualquer esforço ou tentativa de prevermos o desfecho final. Grande ironia, não? Resta-me esperar que as minhas escolhas sejam as mais acertadas ou então vou continuar a ter dentro do meu armário dois pares de calças de ganga de cor duvidosa QUE não penso em vestir.

segunda-feira, setembro 21, 2009

Sustos de morte

Não gosto nada que me assustem, especialmente, porque me assusto facilmente. É terrível, pois à menor coisa sou bem capaz de dar um salto. Tenho sido gozada por isso toda a minha vida e não é nada bonito, não é mesmo. Por isso,caros amigos, nem sequer pensem em tentar-me assustar, pois certamente conseguirão sem o menor esforço. Na verdade, penso que já tive a minha quota parte de sustos. Logo, não me venham dizer que é engraçado, que é só uma piada porque comigo não resulta. Então filmes de terror, nem pensar. Se bem que esses são tão previsíveis que não adianta sequer vê-los.

Depois, há ainda aqueles sustos mais profundos que derivam de medos. Esses são os piores. Geralmente, surgem em forma de sonhos e não são fáceis de se esquecer, principalmente, quando nos parecem tão reais que, quando acordamos, temos a sensação de que aconteceram. Podem variar entre muitas coisas, mas comigo é recorrente morrerem pessoas de quem gosto. Isso, ou então, caírem-me os dentes??? São esses sonhos que me fazem tremer, acordar no meio da noite e até mesmo gritar. Há muito tempo que não tenho um sonho desses, mas acho que depois de ter visto isto, não vou dormir descansada. Acho que será caso para dizer: bons sonhos, ou será que não?

sábado, setembro 19, 2009

Pequenos tesouros


Há qualquer coisa de maravilhoso e inesperado na Internet que ainda hoje me surpreende. De vez enquando, dou de caras com sitios que são de tal forma deliciosos que não consigo parar de sorrir. São pequenos tesouros que vou coleccionando na minha barra de favoritos e que me ajudam nos dias mais turbulentos ou nas horas mais vazias. Hoje, descobri este. Para quem gosta destas silly things, como eu, enjoy.

Thoughts on my head

Porque é que será tão difícil deixar que gostem de mim?

sexta-feira, setembro 18, 2009

Desafio

Decidi aceder a um desafio lançado aqui. O desafio consiste em ir ao Youtube e colocar o nome do nosso blog, pesquisar e o primeiro resultado que surgir colocá-lo ici.

Aqui está o que me calhou... Depois dizem que a psicologia de internet não funciona...Não me podia ter calhado melhor video.lol

Ora experimentem lá!


quinta-feira, setembro 17, 2009

Frase do Dia

“Escrever é fácil: começas com uma letra Maiúscula e terminas com um ponto final. No meio colocas as idéias.”



Neruda.

Finais apocalípticos- Una bomber

Se eu morresse hoje, acredito que o mundo não ficava mais vazio mas, sim, mais cheio. Os meus pedacinhos voariam por tudo quanto é sítio e eu seria Una com o mundo. Depois dizem que não sou boazinha.

quarta-feira, setembro 16, 2009

BACK to school

E por vezes...

Hoje, disseram-me que devia voltar a escrever... Não é assim tão fácil. Gostava de tentar e acho que é isso que tenho feito. Tentar. Escrever a sério, não. Que vontade tenho de voltar ao que era... Enquanto isso não acontece, fiquem com a poesia deste senhor:

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.

David Mourão-Ferreira

terça-feira, setembro 15, 2009

Why are your eyes so apart from my own

Há um provérbio chinês que diz que: "Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida".

Acredito que falhei.
Apercebi-me tarde de mais e, agora, já não há nada a fazer.

Calvin and Hobbes wisdom

"There's no problem so awful that you can't add some guilt to it and make it even worse."

Ghost

Ainda ontem estava a relembrar os bons velhos anos 80 e soube hoje que Patrick Swayze morreu. Até parece que estava a adivinhar... Patrick, amigo,agora já podes voltar a ser o Ghost. Espero que, onde quer que estejas, tenhas tido o "time of your life".

Rest In peace.



segunda-feira, setembro 14, 2009

Down memory lane

Pois é, há quem goste de viajar até ao Algarve ou mesmo ir pôr um pezinho a Cuba ou então dar uma perninha a Abrantes ( para quem conhece, não há nada melhor do que aquela água benta), mas nada se compara aqueles que, como eu, gostam de dar um saltinho ao passado. Muitas vezes, só apetece colocar a ponta do dedo, outras que tal que colocamos logo o corpo todo... Hoje, foi um dia assim. Depois de algum tempo a pesquisar ( 5 minutos antes de jantar) aqui está o meu top 6 de filmes dos anos 80, com música a condizer e tudo. Aproveitem! A "memory lane" está oficialmente aberta.

Sem qualquer ordem:




















domingo, setembro 13, 2009

Amália Hoje

Descobriu-os hoje e foram uma agradável surpresa. A energia, o movimento, o empenho em palco fizeram com que se agigantassem perante mim. Simbiose perfeita entre os belíssimos poemas de Alexandre O' Neil, José Régio e David Mourão Ferreira e as vozes de Sónia Tavares, Fernando Ribeiro e Paulo Praça. Mostraram a intemporalidade de algumas canções, bem como a versatilidade das composições. Esta foi uma das minhas favoritas. Enjoy.


sexta-feira, setembro 11, 2009

Flash Mob

Flash Mobs são aglomerações instantâneas de pessoas em um local público, para realizar determinada acção inusitada, previamente combinada, após o que, as pessoas se dispersam tão rapidamente quanto se reuniram. A expressão geralmente se aplica a reuniões organizadas através de e-mails ou dos meios de comunicação social. (in wikipedia)


Foi precisamente isso que aconteceu, ontem, na abertura da vigésima quarta temporada, de um dos mais famosos talk shows da America- Oprah, tendo como protagonistas milhares de estranhos. A moda tem-se vindo a desenvolver nos últimos anos, com particular relevo para o anúncio da T-mobile realizado no início deste ano e que, de alguma forma, iniciou este tipo de Flas mobs ligados à dança.

Quando resolverem fazer alguma coisinha, por cá, digam... Sou a primeira a inscrever-me na lista. Até lá, vou continuar a apreciar e a achar espectacular vídeos deste tipo. Enjoy.


Ideia Brilhante

Eu quero fazer isto. Alguém se oferece para me ajudar?

quarta-feira, setembro 09, 2009

Declarações de amor


"Aprende a estacionar" foi a declaração de amor deixada no meu para brisas, hoje de manhã. Engraçado, que só reparei no papel quando este já esvoaçava no ar ao ritmo da condução. Teve o cuidado de o colocar para baixo, virado para dentro. Penso, que teria medo que alguém visse o que escreveu, ou então estava mesmo muito cioso que eu não perdesse a sua leitura. Verdade, seja dita chamou-me a atenção precisamente por essa razão. Pela letra, pareceu-me que quem o escreveu teria sido uma mulher, mas há sempre a hipótese de o autor das palavras ser um homem, letra feita à máquina é sempre uma incógnita. Curioso o quanto estas pequeninas letras me fizeram sorrir. Nunca ninguém me deixou um bilhete, nunca encontrei o que quer que fosse dentro de um livro da biblioteca, nem sequer um papel no chão e , hoje, devido a um descuido, lapso finalmente aconteceu. Apesar de nem sempre o conteúdo da mensagem ter importância,há pessoas que o valorizam. Há qualquer coisa de apelativo na mensagem escrita e encontrada por acaso. Aqui, muitos mais podem ser encontrados, partilhados, escrutinados. O meu, enquanto não criam o equivalente site em português, vai ficar guardado, como uma declaração de amor, lembrança futura de que não devo ocupar dois lugares quando posso ocupar um.

Declaração de amor (versão II)

Aqui está a segunda versão de um acontecimento muito particular que me aconteceu noutro dia. Guardei esta versão como rascunho e postei a politicamente correcta. Neste momento, achei por bem, que não faria mal nenhum ter as duas aqui. Afinal, o blog é meu e faço o que bem me apetece. No final, podem chamar-me esquizofrénica que eu não me importo. Há lugares para todos na blogosfera, mesmo para os doidos.

...
...
...

Há determinadas frases que ficam guardadas para sempre na nossa memória. Frases significativas, ditas com fervor e cheias de outras intenções que nos inundam a alma como quem não quer a coisa e que persistem no nosso imaginário. Aquela frase que nem sequer consegues articular porque te dá uma imensa vontade de chorar, quiçá saudades até. Hoje, alguém, por sinal, proferiu-a e, agora, é minha para sempre. Nunca mais me vou conseguir despegar da doçura daquele papel ao vento, no meu para brisas.Qual declaração de amor, poema agitado pela leve brisa que me encheu o peito e me fez proferir a seguinte frase: seu f...da..P. F...de...te. Afinal, convenhamos não há nada mais bonito que chegar ao carro e termos um bilhetinho de amor colado ao vidro, ainda para mais quando tem um ponto de exclamação. Só por causa deste belo estacionamento, vou-te deixar um bilhetinho também. Que tal: "Aprende a não estacionar ao meu lado, idiota".

Lidar com feras

Há medida que o tempo passa, vejo que me estou a transformar numa pessoa menos inteligente sob o ponto de vista humano. Ganhava muito se aprendesse a ler melhor as pessoas e a adaptar-me à situação que se me apresenta. Hoje, foi um dia para lidar com feras, quando na realidade poderia ter lidado com cordeiros. Lição aprendida.

terça-feira, setembro 08, 2009



Nuno Júdice consegue ser transparente de uma forma poética. Talvez, por isso, goste tanto da sua poesia. Vai ao cerne da questão, mas tão subtilmente que te apanha de surpresa. Para quem não conhece, aqui ficam dois dos seus muitos e extraordinários poemas:


Plano


Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.

 





Nunca são as coisas mais simples que aparecem
quando as esperamos. O que é mais simples,
como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos, não se
encontra no curso previsível da vida. Porém, se
nos distraímos do calendário, ou se o acaso dos passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras. Nada do que se espera
transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar; ou a mão que se demora
no teu ombro, forçando uma aproximação
dos lábios.




segunda-feira, setembro 07, 2009

Little Shadow

Warning to the wise: nunca, mas nunca subestimem ninguém. Há um mundo inteiro dentro de nós, porque não haveria de existir esse mundo noutras pessoas... In the shadow....within the shadow, beneath the shadow.... haverá sempre alguém, resta-nos decobrir quem.



Little shadow.

Patience, shadow. While you're sick, there's no sight to see.
Little shadow, little shadow.
To the night, will you follow me?
Pardon, shadow, hold on tight to your darkened key.
Little shadow, little shadow.
To the night, will you follow me?

Closer, shadow, volume strikes, still we're cut free
of this song, little shadow
To the night, will you follow me?
Hey, shadow, stars, break of dawn, take a turn for stars, to my fantasy
Little shadow, to the night, will you follow me?
Little shadow, to the night, will you follow me?


Yeah, yeah, yeahs.

domingo, setembro 06, 2009

Do lado de fora

Hoje, apercebi-me que nunca conseguirei pertencer a um grupo porque nunca fiz parte de um verdadeiro grupo. Essa realidade choca-me. O olhar de fora para dentro mostra-me que, mesmo que me esforçasse, nunca conseguiria ter aquilo que, hoje, presenciei entre um grupo de amigos: cumplicidade. Parece-me radical dizer que nunca terei isso, mas a verdade é que essa é a sensação que tenho. Toda a minha vida me senti à parte. Na adolescência, queria muito pertencer a algo,mas não tinha a coragem para dar esse passo, refugiando-me em lugares comum. Mais tarde,na faculdade, senti que me podia sentir pertencente a algo, mas foi tão esporádico que se evaporou quando terminámos o curso. Agora, sinto um vazio enorme. Não pertenço a nada, nem a ninguém. A única pessoa responsável sou eu e terei de viver com as minhas opções. No entanto, só agora me apercebo o quanto essas escolhas me custaram. Só agora, olhando para trás e vendo aquilo que sou, me apercebo o que deveria ter sido e não sou. Do lado de fora, olho para dentro e apercebo-me da ironia de sempre ter descartado tudo com "eu não preciso, ou não quero, ou consigo melhor...A verdade é que este lado de fora é muito solitário, muito triste e muito insalubre. A verdade é que daria tudo para ter aquilo que hoje vi naquele grupo, mas não tenho. Estou do lado de fora, mas gostaria de estar do lado de dentro. A cumplicidade também se constrói,constrói-se baseada em experiências vividas, mas se não as viveste, nunca as poderás partilhar. Um dia, sonhei que tudo era possível, hoje resta-me este lado: incolor, indolor, sem sabor. Resta-me este lado. Resta-me o lado de fora.

sábado, setembro 05, 2009

Insónias ou a definição de como se consegue ficar doida em 3 tempos

Sim, o que é que se faz quando não se consegue dormir? Resposta óbvia: não se dorme. Pois bem, hoje estou assim. Não durmo. Poderia elencar aqui uma série de razões, sendo que a que mais se destaca é não ter sono. Não tenho sono: A) porque comi antes de me deitar? B) não comi antes de me deitar C) tenho muito em que pensar D) tenho muito em que pensar, mas não penso no que tenho que pensar E) estou eléctrica, não consigo parar quieta F) estou tão cansada que não consigo dormir. Dentro destas podem escolher todas. No meu caso,são todas prováveis. Se amanhã não tivesse que acordar cedo para ir a mais um casamento, não estaria preocupada, mas sendo essa a realidade, amanhã poderão chamar-me carinhosamente de olheiras FUNDAS. Escrever também não me está a ajudar muito. Continuo cansada, mas ainda sem sono. Alguém?? Super-homem, onde estás quando uma donzela em apuros precisa de ti? Ok, o super-homem não ajudaria de muito,logo acho que vou recorrer ao velho leitinho. ( para as mentes perversas, não, não me refiro a nada humano, mas sim ao lacticinio) Depois de ter tentado em vão fazer uma piada porca, acho que vou recolher-me em diálogo comigo mesma. Até depois.

quinta-feira, setembro 03, 2009

Burridade ao quadrado III

Porque é que eu faço perguntas para as quais tenho a resposta?

Burridade ao quadrado II

Porque é que eu sou tão burra?

Burridade ao quadrado

Porque é que os homens conseguem ser tão burros?

quarta-feira, setembro 02, 2009

O céu, a Terra, o vento sossegado

Quando penso em poesia este é um dos poemas de que me lembro. Simplesmente brilhante. Digam o que disserem, pense-se o que se pensar ele é, sem dúvida alguma, todo ele poesia. Intemporal, transversal, universal.




O céu, a terra, o vento sossegado


O céu, a terra, o vento sossegado...
As ondas, que se estendem pela areia...
Os peixes, que no mar o sono enfreia...
O nocturno silêncio repousado...

O pescador Aónio, que, deitado
Onde co vento a água se meneia,
Chorando, o nome amado em vão nomeia,
Que não pode ser mais que nomeado:

- Ondas – dezia – antes que Amor me mate,
Tornai-me a minha Ninfa, que tão cedo
Me fizestes à morte estar sujeita.

Ninguém lhe fala; o mar de longe bate;
Move-se brandamente o arvoredo;
Leva-lhe o vento a voz, que ao vento deita.


Luis Vaz de Camões