quarta-feira, junho 11, 2008


Houve um tempo em que escrever era realmente algo que me preenchia as horas e que não me deixava dormir. Actualmente nada me deixa sonhar. Passo esta eternidade de tempo absorta com coisas infantis e insignificantes que apenas me dão a ilusão de normalidade. Não dura muito, mas ajuda a manter a sanidade dos meus dias que me parecem cada vez mais sem sentido, patéticos no sentido da palavra e que passam por mim como se fossem monstros sombrios sem espaço para respirar a vida. Sinto-me aprisionada pelas minhas escolhas ou então pelas não escolhas, por tudo aquilo que poderia ter sido e não fui, por todos os caminhos que devia ter escolhido e não escolhi e arrependida de me ter deixado fechar numa casca, que me parece agora impossível de partir. Sinto-me um pária em terra conhecida, alguém para quem não existe lugar, alguém desnorteado consigo mesma e com aquilo que vive e experimenta. Nem sorrisos, nem palavras, nem discursos bonitos me movem mais, nada me move mais.Sinto o vazio. O vazio de mim, das palavras e de não saber sequer o que fazer. Escrevo, hoje, com a noção de que esta poderá ser uma das últimas coisas que escreverei porque, de certa forma, esta é uma despedida de mim. Daquilo que fui. Daquilo que era. Daquilo que fui. Sinto-me idiota por pensar que ainda há redenção. A esperança parece-me, no entanto, uma palavra tão fora de uso. Não sei se algum dia conseguirei enfrentar-me, se mais tarde, conseguirei perdoar-me. Agora, não me perdoo mais. Não. Basta de palavras. Basta de lamentos. Basta. Acabou-se. O tempo continua a passar e eu não quero mais saber. Não quero. Será que quero?

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